quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pois é

- Queres fruta?
- Não. De todo. E não me chateies! Estou verdadeiramente empaturrada.

Ela continua à conversa com os outros, já só esperando pela hora do café.
Ele dirige-se à cozinha. Volta com uma maçã. Senta-se, calmo e calado, vai descascando a maçã, parte-a em quatro e vai-lhe dando bocadinho a bocadinho. Pela calada, sem insistências, sossegado e razoavelmente atento à conversa dela e dos outros.
Ela pega num pedaço, enquanto conversa com os outros, entusiasta como sempre. E vai comendo. Sem reparar, come meia maçã.

Estava verdadeiramente empaturrada, não me chateies, qual criança mimada que só aguarda pelo doce. Apercebe-se depois da meia maçã que comeu (totalmente forçada, claro está!) e olha para ele em tom de interrogação. Ele apenas sorri e abana a cabeça em trejeito de "já te conheço tão bem"...

E isto é cumplicidade.

2 comentários:

  1. Gostei mesmo muito... Como a simplicidade de um episódio pode ser o reflexo da complexidade dos sentimentos. :)

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  2. Gosto da tua escrita. Directa, visual, consegue ir ao fundo da razão das coisas simplesmente com a sinceridade de quem escreve como sentiu e viveu.
    Episódios da vida do dia a dia, que são o maior refelexo, a maior explicação da complexidade do que se passa na sensibilidade de cada um.
    São gestos simples, actos,omissões,birras,zangas,pazes...Ao ler-te, recordo a magia que é estar apaixonado, e como a cumplicidade que se constrói com alguém,dá trabalho,é assustador de certa forma, mas quando encontramos essa pessoa,é algo tão delicioso...

    Beijinhos.

    Keep writing:)

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