quarta-feira, 30 de junho de 2010

Observa. Age.


"Ser cidadão não é viver em sociedade, é transformá-la."
Augusto Boal

Por vezes devemos sair da caixa que nos rodeia e tentar espreitar um bocadinho além. Sabermos que fizemos algo de novo, que aprendemos uma novidade, que conhecemos pessoas diferentes e que mostramos facetas nossas que ainda estariam por explorar.

Este fim-de-semana assim tentámos.
Um workshop de Teatro do Oprimido, metodologia cujo Pai Augusto Boal pretendia difundir. A ideia básica é a de que o Teatro é uma propriedade de todos e em especial dos oprimidos. Estes são os verdadeiros protagonistas da peça, onde expressarão aquilo que os oprime e procurarão as soluções possíveis. A pedagogia baseia-se em exercícios, jogos e técnicas que permitem restituir ao oprimido o seu direito à palavra e o seu direito de ser.

Assim, partindo da encenação de uma situação real, estimula-se a troca de experiências entre todos os intervenientes, através da intervenção na acção teatral visando a análise da situação e a busca de um meio para alterá-la.
Como tão bem o nosso formador distinguiu: o Teatro do Oprimido, não é o Teatro do Deprimido. Este encontra-se na situação de não retorno; num ponto do problema cuja solução já não chegará tempestivamente. No Teatro do Oprimido recua-se precisamente até ao ponto da bifurcação, até à altura onde ainda há uma solução e estuda-se as possíveis saídas. Deste modo, os problemas terão uma solução, dando-se voz ao oprimido em questão.

Naturalmente é uma metodologia política, mas essencialmente social. Boal assume que não teria desenvolvido tal teoria se não fosse a sua interacção com o meio que o rodeia.

Nas variadas vertentes que se podem observar na árvorezinha supra, este método não pretende só dar resposta a um problema real e efectivo mas também aos mais subjectivos, àqueles que pairam na nossa cabeça contra os chamados "opressores internalizados". Essa é a linha do "Arco-Íris do Desejo" e, naturalmente, a que mais me apaixonou.

Expressão corporal, sons, silêncios. Palavra. Acção. Algumas ideias que me ficaram retidas depois do intenso fim-de-semana. Que não é passível de explicar de forma clara por este meio.


Aqui somos todos actores e todos somos expectadores. Todos partilhamos e todos nos expomos, todos resolvemos a questão do outro.

Aqui todos observamos e todos agimos.


*E não me saem da cabeça, desde então, as sábias palavras de Chaplin:

"A Vida é uma peça de Teatro...
Que não permite ensaios.
Por isso...
Cante, chore, ria, dance e viva intensamente,
Antes que a cortina se feche...
E a peça termine sem aplausos!"



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Pulsa!