domingo, 5 de dezembro de 2010

'Como se eu te fosse Estranha'

Diz o meu nome como se eu te fosse estranha.
Pronuncia-o como se nos tivéssemos tão-só cruzado, num quelho qualquer.
Como se o único toque concertado, tivesse sido o dos nossos joelhos, acidentalmente, num banco de um metro qualquer.

Diz o meu nome como se nunca houvéssemos partilhado nada. Nada. Nem (não) lugares. Nem silêncio. Nem (não) histórias. Muito menos aquele preciso ângulo inverso da tristeza. Nem tão-pouco aquela alegria fascinada (e apressada) do viver em contra-relógio.
Nada. Absolutamente nada.

Diz o meu nome como se eu te fosse estranha.
Di-lo como se nunca houvéssemos peregrinado o passado (imperfeito do conjuntivo) e o futuro (condicional) por se cumprir.

Diz o meu nome como se tudo nos fossem ainda estradas largas.
Como se eu nunca tivesse galgado todos os caminhos para chegar até aqui. Como se eu nunca houvesse crescido para ti.

Diz o meu nome como o presságio antes do caos. Como quem evoca o que não conhece, nem tão-pouco sabe se quer conhecer.

Mas diz.
Diz o meu nome. Como se eu te fosse estranha
. E pronuncia-o, cadenciadamente, como se eu to tivesse acabado de dar a conhecer:
- Joana, muito (antes do) prazer.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pulsa!