Apercebi-me que colocar em palavras aquilo que gostamos em alguém é uma tarefa mais complicada do que lhe apontar os defeitos. Talvez porque a razão de gostarmos de alguém é fatalmente irracional, elencar as suas virtudes é quase desvirtualizá-la, quase passá-la a verdadeira, quase um risco de lhe tirar a magia.
Mas há coisas em que reparo e o elogio, hoje, parte de mim, ainda que não mo peças.
Mencionei há uns dias que gostava de ir à manifestação que terá lugar próximo dia 12 de Março, uma vez que vivo e respiro a experiência da Geração "À Rasca" e se, na maioria das vezes, não sou de me manifestar (não o afirmo com orgulho) achei que esta sim, era uma manifestação que não poderia perder: é apartidária e não filiada a qualquer religião; simplesmente pretende unir aqueles que reclamam por melhores condições de vida.
Tu disseste-me "vou contigo". Eu respondi "não entendo... não tens razão de queixa, conseguiste agora emprego a contrato, não és da geração dos «quinhentos euros»".
Tu disseste "Sou, apenas tive mais sorte. Vou por solidariedade a todos que são, por solidariedade por ti. Vou contigo e por ti".
Francamente, mas francamente... fartos de conversas de café com comentários do género "isto é um descalabro, é triste, a nossa situação é lamentável", estamos todos. A verdade é que para nos mexermos vai um grande passo, essencialmente somos acomodados - ei, contra mim escrevo!
Tu quiseste vir. Pelos outros, por todos, por mim.
Se digo que mais pessoas no mundo como tu, fariam dele um lugar melhor, que outro elogio te poderia mais dar? Fé renovada na humanidade.
Se me disseste que uma das minhas maiores qualidades era a minha franqueza brutal, por certo acreditarás no que te digo.
Não devemos procurar nos outros a genialidade, nem feitos heróicos. Deve-se procurar aquilo que gostaríamos e poderíamos ser. Coisas simples, pormenores tão (aparentemente) insignificantes. Isso é tudo.
"You make me want to be a better woman." (adaptado do filme *"As Good As It Gets")
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