Eu cresci aqui.
E sempre sob o olhar atento da doce e eterna Nocas.
[E um cheirinho a roupa lavada...]
Nós crescemos aqui.
Sobretudo nos Verões. Crescia-se sempre muito. Com entusiasmo a aguçar o engenho, consertavam-se os esconderijos cósmicos, nos topos das árvores.
Sobretudo nos Verões. Crescia-se sempre muito. Com entusiasmo a aguçar o engenho, consertavam-se os esconderijos cósmicos, nos topos das árvores.
Corria-se aos ninhos. Apanhavam-se amoras. Voa-se pelas Barrelas. Quatro contra quatro no Campo do Rato.
[E um cheirinho a eucalipto temperado com mimosas...]
E quando a noite caía, de mansinho, depois da deliciosa fadiga das aventuras radiosas, pelas tardes regadas com banhos de mangueira e refrescos de limão, deitavam-se no terraço
[E um cheirinho a cimento aquecido...]
e sob um céu (mais) estrelado, trocavam-se confidências... 'Quando for grande quero ser assim, fazer assado. Saber acoloutro. Tu não?'
E saboreavam-se as pequenas telas da infância, enquanto se aguardava que o bolo cozesse no forno
[E um cheirinho a canela e açúcar queimado...]E saboreavam-se as pequenas telas da infância, enquanto se aguardava que o bolo cozesse no forno
E no fim, de todo e cada dia pleno, um sono velado, depois dos lençóis delicadamente aconchegados por aquelas inigualáveis Mãos que o tempo e a vida engelharam.
Todos crescemos aqui.
Dentro e para lá das paredes d[est]a Casa, que tem pregas de Saudade. Muitas. Tantas.
Dentro e para lá das paredes d[est]a Casa, que tem pregas de Saudade. Muitas. Tantas.
A bailarina da caixa de música rodopia sempre, marcando o compasso das estações.
[E um cheirinho a histórias encontradas nas mesas e estantes de um intemporal alfarrabista...]
Os 4. Uns com os outros. Uns para os outros. Crescemos aqui.
Por isso, quando o medo nos visita, todos buscamos a parcela do 'crescer aqui' e Dela inteira que há em Nós.
Hoje e sempre.
Permanece.
Casa.Por isso, quando o medo nos visita, todos buscamos a parcela do 'crescer aqui' e Dela inteira que há em Nós.
Hoje e sempre.
Permanece.
[E um cheirinho a inefáveis memórias, temperadas com saudade e um travo forte de coragem na luta diária de honrar a maior verdade por aquele Coração ministrada.]
Fogo Prima. Muito Bom!
ResponderEliminarGrande casa, Grandes Memorias.
Parabens!
O texto mais tocante e bonito alguma vez publicado neste blog.:) Sem desprimor para todos os outros...mas este tocou-me msm.capaz de criar saudade de algo que nem conheci, apenas pelas tuas palavras.~~
ResponderEliminarass. Ricardo Costa
Ricardo, eu cresci ali... :')
ResponderEliminarPS: Não creio que seja o texto mais bonito que consta deste espaço, mas é (-me) dos que encerra um das Verdades mais bonitas. Merci *
Admito que também fiquei comovida com este texto como não havia ficado ainda com qualquer outro :')
ResponderEliminarSente-se, sente-se tanto :')