quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Depois da Tempestade

Depois penso que te quero contar o meu dia.
Depois instintivamente pego no telefone.
Depois percebo que nada ocorreu no meu dia digno de ser contado.
Depois recordo-me que nos chateamos e é suposto não te querer falar.
Depois largo o telefone.
Depois tu queres contar-me o teu dia.
Depois até que me apetece saber o que tens feito.
Depois penso na rotina do meu, do qual não fizeste parte.
Depois quero contar-te a minha ida à rua, o café queimado que tomei, as fotocópias demoradas que tirei, as doutrinas novas que aprendi.
Depois sei que o meu dia deve ser mesmo aborrecido para to contar.
Depois tu ligas.
Depois conto-te o meu dia. E tu ouves.
Depois escuto o teu.
Depois, lentamente, a um ritmo muito compassado, percebo que este é, verdadeiramente, o ponto alto do meu dia.
Depois, vagarosa e pausamente, admito - para mim - que não sei o que faria se não estivesses do outro lado da linha; para ouvires o enfadado do meu dia, para eu ouvir o agitado do teu.
Depois, vem a Bonança.

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