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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Manifesto das Sensações


'Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
[...]
Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
[...]
Procuro despir-me do que aprendi,
[...]
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu (...)'


O Argonauta das Sensações Verdadeiras,
Poema XLVI, in 'O Guardador de Rebanhos'



No princípio não era o verbo. No princípio era (e é) a Sensação.

Siento, ergo sum!

Sinto, logo existo. Sinto, por isso existo. Existo porque sinto. Não. Sou porque sinto. Penso(?) Definitivamente, penso. Mas 'penso porque sinto' e não, 'sinto porque penso'.
Sinto. Silencio. Falo. Escrevo. Sinto pelas palavras, com palavras e, ainda e sempre, pela ausência delas. Sinto muito 'rente ao dizer'.


Sentimos.

Prescindimos, pois, de Descartes. Inventamos este pequeno espaço que mais não será do que um 'quase' caleidoscópio de (rastro de) sensações desordenadas.
Não temos, nem teremos, em momento algum, a pretensão de ensinar o que quer que seja a quem quer que seja. Nada do que valha a pena ser percepcionado é passível de ser explicado. Nada do que valha a pena ser vivido, é passível de ser ensinado.

Vivamos, pois. Sujeite-mo-nos à magnífica álea de sentir.
'Desencaixotemo-nos'.



Sinto, logo existo.

“(…) Tudo isto me é dado em oferta: eu choro, eu escrevo, eu consumo-me e atenuo, ando, ininterruptamente medito, poluo-me de mim mesmo, ininterruptamente morro, e delego o meu amor, que me faz vivo para me matar, à noite, à floresta, sons e silêncios.”
“Amor” de Giorgio Manganelli

Um blog que não tem a audácia de ensinar nada a ninguém, talvez de nem sequer trazer alguma novidade, no imenso vasto de pensamentos alheios que afluem na internet.
Serão desabafos, risos, choros, lamúrias, partilhas, reflexões, delírios, loucuras, redenções, paz. Sempre com espaço para dissertações culturais, seja no âmbito do cinema, da música, da poesia, da literatura…
Garra. Turbilhão. Paixão.
Porque entendemos que o necessário para se viver é sentir as veias a pulsar, o coração a bater, o corpo a ferver.
É sentir. É o abraço quente daquilo que se sente, não obstante as possíveis contrariedades do mesmo.
Se pomos de parte a racionalidade? Naturalmente que não. Ela faz parte do nosso quotidiano e, como com qualquer um de nós, racionalidade e emoção conflituam, chocam, travam batalhas e nunca se conclui um vencedor.
Mas o caos que nos preenche é todo ele coração. E paixão, pela vida vivida nessa mesma medida.
Choramos, escrevemos, consumimo-nos, atenuamos, meditamos, morremos. Haverá noite, floresta, sons e silêncios.

Sentimos, logo existimos.