
Poder eternizar sucessivamente o que somos não é fácil... Mas se eternizar passa por traçar perpendiculares e paralelas afectivas em torno do meridiano do Tempo. Se passa por um dia não planeado, um beijo na testa, uns acordes partilhados, uma surpresa pelo correio, então eternizar até parece tarefa fácil. Risco fácil. Troco fácil por possível. E tornando as coisas possíveis, ganhamos vida.
- Haverá forma mais genuína de amar? -
Nas possibilidades. Hoje como sempre. Porque a vida não se escreve óbvia.
Um postal trazido de um ponto do mapa. Um bilhete dobrado em quatro. Um dançar no meio da rua. Um ouvir como quem vê. Um partilhar espaço dentro. Um funcionar sem barulho. Um abraço que denuncia casa e chão. Uma confissão nos Leões. Um interstício cosmicamente fadado.
Um ser enquanto se está. Um dedicar Tempo, sendo.
- Haverá forma mais genuína de amar? -
Os Nocturnos soam-me bem. Tão bem... Quase tão bem como esta sensação cheia e plena de eternizar. Mas não a saciam. Estão quase lá. Mas não chegam lá...
É intenso, mas... não chega a ser intenso quanto baste. Porque não há melodia mais intensa do que a ária de estarmos juntos. Os quilómetros fazem-se juntos e qualquer pedra no caminho ou bifurcação - qualquer erro na direcção do encontro - deve ser lido como um pretexto dessa lotaria existencial, para eternizar o que somos.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Pulsa!