segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Morre Lentamente


'Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,

quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.

Morre lentamente quem evita um paixão, quem prefere o negro sobre o branco, e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece, ou
não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre
que estar vivo exige um esforço muito maior
do que o simples facto de respirar.

Somente a perseverança fará com que continuemos um estágio pleno de felicidade.'

Pablo Neruda

2 comentários:

  1. Porque a Jilinha aqui só te mostra coisas bUnitas... :)
    Adorei, acho tão mas tão sincero. Não poderia concordar mais com Mr. Neruda :)

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