terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Eles não nos dizem...


... que nada no mundo se compara com este aconchegar mesmo antes do adormecer.
Suscitam-nos a curiosidade pelo sexo, ou por não falarem no tema tabu ou por dizerem que nada no mundo traz tão boas sensações.
Em adolescentes sonhamos com o dia da experiência.
Na primeira vez contamos como foi, lembramos a pele, o cheiro, o suor, a paixão, a dor.
Não contamos como nos sentimos transcendentes ao estar nos braços de alguém. A sensação de protecção, a verdade que o mundo pode ruir lá fora e nada nos demoverá daquele aconchego.
Porque não nos dizem.
Não nos dizem que assim sentimos verdadeiramente o calor, que num abraço que dura toda uma noite se revela o amor que realmente existe. Que, não obstante o ressonar, a baba, as remelas matinais, aquelas oito horas nos preparam para o duro dia que se avizinha como se fossemos heróis não do nosso bairro mas do mundo.
A sensação que se nos preenche nestes instantes de intimidade, nada se lhe compara.
Recuso-me a ter televisão no quarto. Vejo-o uma ou duas vezes por semana, não quero desperdiçar tempo na cama a fazer o irresistível zapping. Vemos um filme no sofá e estou em ânsia para chegar à cama. Para lhe contar o meu dia, para nos amarmos, para ver o brilho dos seus olhos, que encadeia mais na penumbra da noite do que quando o sol brilha e para, finalmente e apesar de todos os passos serem fantásticos, enrolar as minhas pernas nas dele. Encostar-me, sussurrar-lhe, esmagar-me contra ele.
Nus, sempre nus, despidos de roupa e de preconceitos. Nunca com ele dormi vestida, excepto em dias pontuais que nos chateamos e são sempre essas as noites mais frias apesar da flanela. Nada aquece mais do que dormir com outro corpo e conseguir sentir-lhe a pulsação.
Não, não me parece que seja uma sensação tão fácil de alcançar. O conforto que só o tempo e a cumplicidade trazem, vem com aqueles que realmente amamos.
Numa one night stand, a preocupação é a satisfação imediata, dormir pouco não vá o ressonar amedrontá-lo, acordar mais cedo para poder escovar os dentes e (tentar) acordar tão bonita como quando me deitei.
O abraço, aquele abraço apartado, aquela força que se instala mas que nos leva às nuvens, tem-se com amor.
E eu não sei como não nos dizem. Que este é o ponto alto dos dias. De todos os dias. Que não há vitória profissional ou pessoal que saiba tão bem se não dormirmos aconchegadamente com esse sabor de ganho dividido, de ganho cerrado, de êxito com sufoco, de sucesso que transborda dos nossos pelos e se transmitem para os do outro.
Eu espero sempre o dizer.

4 comentários:

  1. Ninguém comentou este brilhante texto?Genial!É mesmo isto.Muito muito bom.:)
    .
    .
    Ps- Tb é bom saber que dormes sp nua.:P

    Beijinhos e parabéns pela inspiração.:)

    ResponderEliminar
  2. Oh obrigada! xD longe de mim classificar qualquer coisa minha como "brilhante" mas é sempre bom ouvir! xD ninguém comenta excepto tu, és o único corajoso! eheh :D

    Obrigada :)

    P.S. Se é bom saber, fico feliz por te ter dado um pouco de felicidade! :P

    ResponderEliminar
  3. Ahah... Até parece que não comento? :P Eu não comento aqui porque te digo na cara. ;) És sem dúvida uma deusa! A minha deusa... a minha fonte de inspiração! ;) Já tu não podes dizer o mesmo de mim. xD Excepto quando o teu estado emocional te faz escrever assim e EU sou o responsável por isso! :P Um beijinho enorme na boca* Ti Amo!*

    ResponderEliminar
  4. Quando o Ricardo comentou que ninguém comentava, referia-se aqui no blog.

    Bem sei o que me dizes. Não só ouço como escuto. Aquilo que me dizes, aquilo que não dizes. Tudo isso combinado com tudo o resto faz com que sejas a minha fonte de inspiração. Graças a ti, de vez em quando, sai assim um texto giro! xD

    Beijinho enorme *

    ResponderEliminar

Pulsa!