sexta-feira, 6 de junho de 2014

J & J - Das Coisas que não são só Coisas (*)

Para ti, Joana, Janine, Jaqueline, Jasmine, Joaquina, Jacinta, Júlia, Josefina, Julieta: desconheço o teu nome mas apelo-te por ele e presumo que só possa começar por J ou não usasses tu, confortavelmente, um anel com a inscrição J & J.
Podes querer crer e até te convencer que foi a ti que o teu João, Joaquim, Joel, Justino ou Jó se debruçou e te pediu para seres e estares, com ele, para toda a sua vida. Mas não foi: essa história é minha e não tua. Talvez noutro momento, talvez noutra vida, talvez daqui a uns dias esta biografia seja semelhante à tua e vejas o teu coração repleto de alegria e te quedes a pensar “porque raio quererá ele ficar comigo, eu, distraída, de cabelo sempre despenteado e com muitos ataques de mau-humor?”, mas não. Esta vida é a minha, fui eu quem se questionou e fui eu que, não obstante todas as dúvidas complexas que se me atravessam logo aquando o café da manhã, consegui dizer “sim” sem sombra de hesitação. Medo? Sim. Hesitação? Nunca. O João é o homem da minha vida e aquele anel J & J em tudo reflectia a minha personalidade. Como ele diz “simples mas arrojado”.
Terás noção do tempo investido, do carinho aplicado? Terás noção que esse anel voou países, que ele o transportou no bolso, no meio dos rebuçados de mentol e dos pacotes de açúcar, tudo só para me poder apanhar de surpresa e por a tremer este meu guerreiro que trago no peito? A história é minha, é nossa, não tua.
Ninguém te culpa: bolas, o anel é objectivamente bonito, quem não o levaria? Quem não aproveitaria os cinco minutos fatais de distracção para o carrear? Provavelmente qualquer um/a. Mas quem tem coragem de ver a inscrição J & J no seu interior e de, ainda assim, fazer de outra história a sua?
Sabes a história?
Tudo começara com um toque no ombro.(Re)Conhecemo-nos a um 17 de Março não chuvoso.Não padecemos de imediato das síndromes fatais da paixão. Mas reparei de imediato no seu cheiro - imutável até hoje, por mais mutável que seja o seu perfume. Nada de alergias, nada de pontapés no estômago, nada de trincas na língua. Ficaram os números trocados e um adeus mais lento que aquilo que seria previsível. Ele ligou no dia a seguir e desde então não nos largamos, vencendo todas as adversidades: Eu digo asneiras, ele diz coisas certas (às vezes); eu atento, ele distrai; eu tagarela, ele silente; eu choro, ele ri; eu desespero, ele acalma; eu sento, ele dança; eu sossego, ele inquieta. Eu sorrio, ele sorri; eu abraço, ele abraça; eu quero, ele quer; eu preciso, ele precisa; eu sinto, ele sente. Eu, ele, nós, estamos. Eu, ele, somos.
Ele chama-me (a mim). Devolve-me às cores que tenho, tira-me dos trajes cinzas e pretos. Tocará a “No Cars Go” dos Arcade Fire no nosso casamento porque, simplesmente, ninguém vai onde nós vamos.
Tão diferentes e com uma simbiose tão arrebatadora.
Disse que sim porque não resisto às suas quatro rugas no canto do olho e quero ficar com ele até serem cem.
Esta é a história e o resto é história.
Joana, Janine, Jaqueline, Jasmine, Joaquina, Jacinta, Júlia, Josefina, Julieta: carregas amor alheio: não é teu, é meu. E comporta (muito) mais do que alguma vez caberá nas palavras.Fá-lo voltar a Casa: um dia terás o teu. E se as iniciais nada te disserem e for apenas um anel bonito: traz esse que eu própria te compro outro.




(*) Com agradecimentos à minha Joaninha, pelo apoio e pelas frases que não são só frases; ao Pedro por pôr tudo quanto é no mínimo que faz; ao João por me amar acima de toda e qualquer distracção.




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