quinta-feira, 28 de julho de 2011

'Der Kuss'


Invejo todos os tipos de artistas, pois não tenho a capacidade de me expressar como gostaria: adoraria compor uma música, adoraria realizar um filme, adoraria saber escrever em poesia e adorava pegar num pincel e demonstrar, explicitar bem o que me vai no âmago.
Desprovida de tais qualidades, resta-me suspirar e permitir o coração palpitar perante a capacidade de outros.

Não conhecia Gustav Klimt*. Não sou necessariamente entendedora de arte, no entanto, tenho as minhas paixões entre as quais destaco Dali, Matisse, Picasso, Van Gogh, Miró, Kandinsky, Boccioni, Kokoschka.

Desde que me ofereceste o íman d´ "O Beijo", estudei cuidadosamente a vida e historial de Klimt que rapidamente passou a ser dos meus favoritos (só nenhum rouba o lugar do Dali, até ver!).

Não obstante a posição algo submissa da aqui mulher - atenção que ele foi um dos que mais tentou retratar a emancipação da mulher, como se pode ver, por exemplo no seu quadro "A Virgem" - vejo mais que isso: vejo obcessão, amor (espiritual e carnal), um beijo tão forte e tão apertado que sufoca, a desnecessidade de qualquer outro ser à face da terra, a paixão que aleija.
Amor extasiado, Amor desnudado, Amor que rói, range e morde.

Este quadro aleija-me.
O íman faz-me estremecer de cada vez que vou buscar a manteiga.

Quero um Amor assim, permanentemente assim, não só assim apenas nos anos de paixão fervorosa. Sempre assim, que me consuma sempre.
Acho que era a isto que o Eça se referia quando dizia "Acreditava nos amantes que escalam os balcões, entre o canto dos rouxinóis; e queria ser amada assim, possuída num mistério de noite romântica".
Sim, creio que era isto, apenas isto.

Beija-me.
E fica a dica: beija-me em Viena.
Mais concretamente: beija-me na Galeria da Secessão de Viena, diante deles.

E abraça-me. Um abraço forte, vale tanto quanto um beijo.




*!862/1918 - Quero ainda destacar os meus favoritos, além dos mencionados: "The Embrasse" (segunda foto), "The Tree of Life", "Danáe", "Friso Stoclet", "Vida e Morte", "Sea Serpents", "The Three Ages of Woman", "Avenue in the Park of Krammer Castle" e "Goldfish".
(Lamento por nem sempre encontrar na internet os títulos originais.)

Todos me aleijam e a arte é para aleijar: dói de tão bela.
Como o Amor.

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