sábado, 17 de abril de 2010

Partilhemos.


Quando sempre me denominaram de racional (?), eis que sou capaz de mostrar que não estou nem perto de tão alta condição.
Deixo as emoções falarem mais alto do que o meu quociente de inteligência fugindo totalmente ao meu desvio-padrão. Não me explico, sou incoerente, não obstante a facilidade na formulação de frases lógicas. Permito que esses devaneios sentimentais me assolem e me consumam. Tenho noção do exagero e não consigo parar.

Sempre me denominaram como a mais prática: sou ágil por natureza e desenrascada por treino, detesto sentir-me impotente e mexo-me para alcançar a felicidade porque não vejo propósito de viver sem tal.

Mas, ridiculamente, ainda me apaixono. Apaixono-me mais do que julgava possível à partida.

Ainda me aperalto quando sei que te vou ver. Ainda tomo banho em passo rápido e saio fresca, leve e flausina para ir ter contigo. Contigo meu amor, que já me viste com dois dias sem banho, cabelo desgrenhado, remela no canto do olho e baba seca nas bochechas: resquícios de uma noite elegantemente bem dormida.
Já me viste de lingerie. Também já me viste com as cuecas de algodão desbotadas de tantos anos de uso. A minha depilação nem sempre está feita, parece que o pêlo ainda não cai naturalmente, notável quando mo eriças com aquele teu toque ou com aquela palavra respirada no meu ouvido. E talvez o meu corpo não esteja no topo de forma, indisfarçável quando a roupa não está vestida.
Os meus níveis sociais estão sempre em alta, no entanto, tu sabes das minhas fragilidades, das inúmeras inseguranças, das minhas dúvidas e angústias. Também sabes a minha história. E ainda sabes os meus medos e os meus sonhos.

Não somos fantasia, somos reais.

E é essa realidade. É essa certeza (embaraçosa e difícil de admitir ainda que em sussurro) que me abala, me transforma em pleno animal. A realidade pode assustar.

É essa certeza. É essa vontade.
De querer partilhar o banco contigo.

Denominaram-me de eterna sonhadora. Admito.

4 comentários:

  1. Nunca te tinha visto(lido) assim...Temos caso sério:)
    "leve e flausina" gosto...;)

    É mesmo isto...Mais bonito de tudo é quando não é apenas um sonho...é melhor porque sabe a realidade nesses pequenos nadas que descreves...

    Desejos de muitos sonhos a cores...;)

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  2. Hmm.. E eu aqui a pensar que te tinha acertado com uma flecha leve e ao mesmo tempo fugaz e, afinal acertei-te com um machado. Uma machadada bem certeira que te abriu e feriu-te com gravidade mas como sempre estou aqui para te curar. ;) Gostei muito do teu texto mais uma vez achei-o sublime. Beijinho da pessoa que te ama imenso***

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  3. Ricardo, eu própria nunca me tinha visto ou lido assim. Daí o embaraço, daí o "a realidade pode assustar" :)

    João, foi uma machadada bem valente. E sabes que mais? Gosto! Sou uma eterna masoquista, que posso eu dizer? :) Portanto, não me cures. Espero que a "ferida" se mantenha aberta por muito tempo! :)

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  4. :')

    Já comentei pessoalmente... Outro estádio. Acuidade do real. Partilhado...

    Speechless... :)

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