'Vive o instante que passa. Vive-o intensamente até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E, no entanto, ele é único por ser irrepetível, e isso o distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja, pois, em vão, no dar-se todo a ti.
Olha o sol difícil entre as nuvens, respira a profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí.
E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. Assim, o dom estúpido e miraculoso da vida não será a estupidez maior de não o teres cumprido integralmente, de o teres desperdiçado numa vida que terá fim.' *
Olha o sol difícil entre as nuvens, respira a profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí.
E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. Assim, o dom estúpido e miraculoso da vida não será a estupidez maior de não o teres cumprido integralmente, de o teres desperdiçado numa vida que terá fim.' *
Vergílio Ferreira
in 'Pensar'
in 'Pensar'
* Amén.
A VIDA cresce muito perante o absurdo da Morte. Muito. Tanto.
A coisa mais curiosa mesmo é eu ter (re)lido este poema esta semana e ter-me questionado sobre se ele já faria ou não parte do nosso blog. Porque ele aqui pertence.
ResponderEliminarQue simbiose a nossa. Não foi pelas minhas mãos, foi pelas tuas. Sintonia plena :)